Cerca de 40 mil toneladas da safra 2025/2026 de tabaco, já contratadas junto aos produtores brasileiros, estavam previstas para exportação aos Estados Unidos. No entanto, a imposição de tarifas adicionais para importação de produtos do Brasil, por parte do governo norte-americano, lançou dúvidas sobre a viabilidade desses embarques. A preocupação agora recai sobre o risco de o volume permanecer estocado, o que pode afetar tanto o fluxo logístico quanto a rentabilidade do setor.

“Se não for possível realocar esse volume de forma imediata para outros mercados, ele ficará estocado no Brasil”, explica Valmor Thesing, presidente do SindiTabaco. Ainda assim, o cenário não é totalmente negativo. “Temos a expectativa de, nos próximos meses, redirecionar o montante que seria exportado aos Estados Unidos para outros destinos, pois exportamos para mais de 100 países”, completa.

O mercado norte-americano é historicamente um dos principais destinos do tabaco brasileiro, com peso significativo na balança comercial do setor. A interrupção ou redução desse fluxo pode impactar a cadeia produtiva como um todo, desde o produtor rural até a indústria de processamento e exportação.

O redirecionamento dos embarques exigirá agilidade logística e diplomática, além de esforços de negociação com mercados alternativos. Apesar do desafio, a diversidade de destinos internacionais é vista como uma vantagem estratégica para o Brasil. Segundo dados do setor, os embarques de tabaco em folha somaram mais de US$ 2 bilhões em 2024, com os Estados Unidos figurando entre os cinco principais compradores.

Atualmente, os Estados Unidos respondem por aproximadamente 9% do mercado do tabaco brasileiro, sendo o terceiro maior importador, tanto em volume quanto em valor. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC/ComexStat), entre janeiro e junho de 2025, o Brasil exportou 19 mil toneladas de tabaco para os Estados Unidos, gerando US$ 129 milhões em receita. No acumulado de 2024, foram 39,8 mil toneladas e US$ 255 milhões em vendas externas para o país.

A medida imposta pelos EUA nesta quarta-feira, 30, com taxas de 50% para importados do Brasil, faz parte de um pacote mais amplo de proteção econômica e atinge em cheio produtos agrícolas e industriais. Entidades do setor já articulam ações junto ao governo federal e ao Itamaraty para tentar reverter ou atenuar os efeitos da decisão americana, buscando garantir a fluidez das exportações e preservar os contratos firmados com os produtores.

Fonte: Olá Jornal