Foto: Arquivo Pessoal / Reprodução
Assim como a família, a
polícia inicialmente não suspeitava da ligação entre a morte de Telmo e as
agressões
Um idoso de 84 anos morreu em uma clínica de Canoas que
agora é investigada. Telmo Ramos de Mattos, de 84 anos, havia se mudado há
apenas 20 dias para a instituição de longa permanência para idosos localizada
no bairro Rio Branco, quando sofreu uma parada cardíaca e faleceu em 23 de
setembro.
Inicialmente, a morte foi considerada natural, mas dias
depois áudios divulgados pela Polícia Civil trouxeram à tona suspeitas de
ameaças e agressões por parte de funcionários contra os idosos do local. Agora,
a polícia investiga se a morte de Telmo foi resultado dessa violência.
O lar de idosos está sendo investigado pela Polícia
Civil por suspeitas de tortura e maus-tratos, e foi interditado pela Justiça
após uma solicitação do Ministério Público (MP) na sexta-feira (27). No mesmo
dia, duas cuidadoras do local, Carla da Silva Castro e Tatiane Zepellini, foram
presas em flagrante, acusadas de torturar os residentes.
Uma das ameaças capturadas em áudio inclui a frase “eu
vou matar esse velho”. Em registros divulgados pelo g1, é possível ouvir um
idoso pedindo para uma das cuidadoras parar, dizendo “não precisa” e “para,
guria”. A voz desse homem foi identificada pela família como sendo de Telmo.
Geni de Mattos, irmã de Telmo, conta que os familiares desconheciam a
possibilidade de violência no local até que as notícias chegaram à mídia.
Assim como a família, a polícia inicialmente não
suspeitava da ligação entre a morte de Telmo e as agressões. O delegado
Mauricio Barison, que está à frente do caso, afirmou que, além das agressões, a
causa da morte será investigada.
A proprietária do estabelecimento e o marido de uma das
cuidadoras também são investigados. A dona já prestou depoimento à Polícia
Civil.
Segundo Geni, Telmo havia manifestado o desejo de mudar
de instituição, pois não estava satisfeito com os serviços oferecidos. No
entanto, ele nunca mencionou diretamente qualquer tipo de violência ou
maus-tratos. A família pretendia transferi-lo na última semana de setembro, mas
ele acabou falecendo antes.
Em outros trechos dos áudios, é possível ouvir as
cuidadoras dizendo frases como “não te levanta que tu vai apanhar”, “nós vamos
botar ele na cadeira amarrado lá no quarto” e “esse vai tomar muito pau”. De
acordo com o delegado, Telmo era o alvo dessas ameaças.
O delegado Barison afirma que as gravações, junto aos
depoimentos dos idosos, são fortes indícios de que a morte de Telmo esteja
relacionada às agressões. A polícia também considera realizar perícias no corpo
do idoso. Por enquanto, a investigação é sobre maus-tratos e tortura, mas pode
ser ampliada para homicídio futuramente.
A defesa de Carla declarou ao g1 que a cliente não participou das agressões e que sua prisão é uma injustiça. Já a defesa de Tatiane afirma que a cuidadora é inocente.
Fonte: Pablo Bierhals / Clic Camaquã