A família Grandini, de São Jerônimo, perdeu Jeisel Luan Grandini de Mattos aos 34 anos, vítima da enchente que atingiu o Estado desde o final de abril. O episódio reabriu uma ferida antiga, a morte do primogênito há 18 anos.

— Minha mãe teve seis filhos. Em 1996, perdeu o mais velho, Cristiano, afogado. Ficamos em cinco. Agora, somos quatro mulheres — explica Letícia Grandini, irmã de Jeisel.

Pai de Bernardo, nove anos, e Bibiana, dois, Jeisel morava com a mãe, Maria Odete Grandini, 64 anos, e teve a casa tomada pela água da forte chuva no município de São Jerônimo.

Jeisel era autônomo, trabalhava em obras e cuidava da mãe. A irmã Letícia relata que Odete está muito abalada pela perda do filho.

— Não consegue se alimentar bem, chegou a ser hospitalizada — conta.

Segundo Letícia, a lembrança que fica do irmão é de uma pessoa do bem:

— Ele era um guri doce, estava sempre sorrindo e gostava muito de ajudar as pessoas. Apaixonado pela cultura gaúcha. Ele gostava muito de cavalos.

A irmã conta que a destruição foi total e a água foi até o telhado. No dia 2 de maio, a água já tomava as casas da região. Odete tinha saído da residência para levar os netos à escola, localizada em um ponto alto da cidade. No entanto, Jeisel preferiu tomar conta do local.

— Acho que, de repente, ele ficou ali até para cuidar, porque nosso bairro foi bem saqueado, foi roubado durante a enchente — especula Letícia.

Em 3 de maio, a família não teve mais notícias do paradeiro de Jeisel. Segundo a irmã, o corpo foi encontrado seis dias depois, quando foi possível ter acesso à casa:

— Nós não temos IML aqui na região, é só em Porto Alegre, e não tinha mais como esperar, a gente estava muito angustiada, muito triste, seria redobrar o sofrimento, então a causa da morte foi indeterminada.

Contudo, os familiares suspeitam que Jeisel tenha sido vítima de choque elétrico.

— A gente imagina que tenha sido alguma coisa referente à energia elétrica, ao choque mesmo, porque ele estava ali dentro da casa — justifica a irmã.

Em razão das cheias que atingem o Rio Grande do Sul desde 29 de abril, chegou a 172 o número de mortes no Estado.

 

Fonte: Gaúcha ZH/ Repórter Paiva

 

 

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