Vento poderá superar os 100 km/h em pontos do litoral gaúcho durante a semana, diz meteorologista - Lauro Alves / Agência RBS
Moradores do Rio Grande do Sul deverão notar, na próxima
semana, os efeitos do terceiro ciclone extratropical em menos de um mês. Essa é
a previsão de meteorologistas consultados por GZH neste sábado (8). O primeiro
dos fenômenos ocorreu em junho, quando 16 mortes e destruição em municípios
gaúchos foram registradas. O segundo causou chuva forte e transtornos pontuais
no Estado entre a noite de sexta-feira (7) e a madrugada deste sábado.
O próximo ciclone extratropical, porém,
poderá ser diferente dos dois primeiros: há a possibilidade de que ele se forme
no continente, e não no oceano como os sistemas prévios citados.
— Uma área de baixa pressão começa a se formar a partir
de segunda-feira (10) no Paraguai e no norte da Argentina, que deve provocar
volume de chuva excessivo (a partir de segunda-feira). O ciclone extratropical,
propriamente dito, vai se formar de quarta para quinta-feira (13). Ele trará
ventos mais fortes e também ar frio de origem polar — explica Marcelo
Schneider, coordenador do 8º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet).
Segundo o Inmet, há diferença entre os
modelos de previsão de tempo para a data de formação e a área de configuração
do novo ciclone extratropical. Por isso, o evento poderá se originar no litoral
do Rio Grande do Sul ou sobre o continente, entre o Estado e Santa Catarina,
entre quarta e quinta.
O instituto prevê possibilidade de acumulados
diários acima de 70 milímetros no sul do RS ao longo da terça-feira. Na quarta,
a precipitação mais acentuada é aguardada para locais entre o nordeste do Rio
Grande do Sul e o sul e leste de Santa Catarina: é considerada a possibilidade
de acumulados na casa dos 100mm por dia em alguns municípios.
Também é esperado vento intenso em pontos do
litoral gaúcho a partir da tarde de terça, com rajadas que podem superar os 80
km/h, conforme o Inmet. No entanto, a expectativa é que o deslocamento do
ciclone seja o responsável por rajadas fortes em todas as regiões, diz Henrique
Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas
(CMPP) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
— Todo o Estado vai registrar rajadas acima
de 50 km/h. Em alguns lugares, principalmente mais próximos ao Litoral Norte e
Litoral Sul, pode ter vento passando de 100 km/h — pontua.
Os modelos indicam que o ciclone se afasta do
Estado a partir de quinta-feira em direção ao oceano, mas a chuva causada pelo
evento pode ter como consequência inundações por conta da precipitação já
observada nos últimos dias em alguns municípios. Segundo o meteorologista da
UFPel, o RS ser afetado por três ciclones em menos de um mês é comum.
— Isso acontece bastante entre o outono e o inverno. O ciclone que vai ocorrer nesta semana não é dos menos frequentes, mas também não ocorre muitas vezes. E está associado ao maior aquecimento da atmosfera que estamos vendo nas últimas semanas no Rio Grande do Sul, com as temperaturas acima da média para o mês de julho, principalmente. O aquecimento é um “combustível” para a formação desse tipo de ciclone — acrescenta Henrique Repinaldo.
Fonte: GZH/ Observador Regional