Luan Augusto de 16 anos — Foto: Arquivo pessoal
Morreu
o estudante Luan Augusto, de 16 anos, no Hospital Universitário de Londrina
(HU). Ele é a segunda vítima de disparos de arma de fogo feitos no Colégio
Estadual Helena Kolody, em Cambé.
A morte de Luan foi confirmada pela família. Na
segunda-feira (19), ele foi atingido com tiros na cabeça por um ex-aluno do
mesmo colégio, de 21 anos, que entrou na instituição dizendo que solicitaria
documentos. O assassino está preso.
Luan
estava internado em estado grave. Segundo o HU, a morte aconteceu por volta de
3h15 da madrugada desta terça-feira (20).
A família de Luan informou que autorizou a doação dos
órgãos do jovem.
Ainda na segunda-feira, o suspeito disse à polícia que
escolheu as vítimas aleatoriamente. Segundo o delegado-chefe da 10ª Subdivisão
Policial, Amarantino Ribeiro, o assassino fez pelo menos 16 disparos dentro do
colégio. Leia
mais abaixo.
Namorada também morreu
A aluna Karoline
Verri Alves, namorada de Luan, morreu dentro do colégio logo após o suspeito
invadir o local e fazer os disparos. Ela foi atingida com um tiro na cabeça,
segundo o Serviço de Atendimento Móvel (Samu).
O corpo de
Karoline está sendo velado nesta terça-feira (20). Ela tinha 16 anos.
Após os disparos,
a Polícia Militar (PM-PR) foi acionada e chegou ao local poucos
minutos depois.
Segundo a PM, foram
apreendidos com o atirador uma machadinha, carregadores de revólver e a arma
usada.
Atirador disse que não conhecia vítimas, segundo
secretário
O secretário de
Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, disse que o atirador não conhecia
as vítimas. O assassino é investigado por homicídio, tentativa de homicídio e
porte ilegal de arma de fogo.
Segundo o secretário, o
rapaz atirou no corredor do colégio e foi até o local em que as vítimas
participavam de uma aula de Educação Física.
A Secretaria de
Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que, além da arma, apreendeu com o
assassino um caderno com anotações sobre ataques em escolas, incluindo o ataque
em Suzano, em São Paulo.
A secretaria ainda
informou que, em contato com a família do assassino, foi informada de que ele é
esquizofrênico e que faz tratamento para a doença.
Suspeitos de participação no crime
Ainda na segunda-feira,
após a tragédia, um homem de 21 anos foi preso e um adolescente, de 13 anos,
foi apreendido.
Os dois são suspeitos de
ajudar a planejar o ataque, segundo o secretário Hudson Teixeira.
Aulas suspensas
Em Cambé, as aulas na
rede municipal e estadual estão suspensas por tempo indeterminado.
Alunos relatam terror
Uma adolescente que
sobreviveu aos disparos no colégio disse que ela e um grupo de alunos foram
ameaçados pelo atirador enquanto estavam escondidos dentro da sala dos
professores.
“Ele falou assim: se não abrir essa porta, vai todo mundo
morrer aqui dentro. E a gente tava trancado na sala dos professores. A gente
tentou sair correndo, mas aí nisso ele apontou a arma pra mim e pra mais cinco
amigas minhas e deu um tiro. Só que a gente conseguiu sair”, disse uma
estudante em entrevista à RPC.
Outra aluna conta que
estava no refeitório com as amigas quando ouviu disparos.
“Na hora a gente estava
sentado no refeitório, eu e umas amigas. Na hora escutamos três tiros, tipo bombinha.
Quando viramos, tinha um menino na fresta do portão. Aí a gente falou, não
vamos fazer barulho e correr. Na hora que a gente viu, ele já tinha passado,
por outro lado. Só via as faíscas do revolver saírem”, relatou.
Violência
nas escolas
No Brasil, houve 31
ataques com violência extrema a escolas em pouco mais de 20 anos (entre janeiro
de 2002 e maio de 2023), segundo estudo da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Nesse período, 36 pessoas morreram, sendo:
- 25
estudantes (15 meninas e 10 meninos);
- quatro
professoras;
- uma
coordenadora;
- uma
inspetora;
- cinco
atiradores (suicídio).
O balanço ainda não
inclui o caso desta segunda-feira, em Cambé.
Repercussão
O governador do
Paraná, Ratinho Junior (PSD), decretou luto de três dias no
estado e lamentou o caso.
O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) também lamentou o ataque.
“É urgente construirmos juntos um caminho para a paz nas
escolas. Meus sentimentos e preces para a família e comunidade escolar.”
O ministro da
Justiça, Flávio Dino, disse que o Brasil vive “a apologia à violência na
palma das mãos dos jovens”.
A Prefeitura de Cambé
divulgou uma nota oficial na qual manifestou solidariedade e se colocando à
disposição dos pais dos alunos.
“Neste momento de imensa dor, nossos corações estão com as famílias das vítimas, que estão enfrentando uma perda irreparável. Oferecemos nosso mais sincero apoio e solidariedade, colocando à disposição todos os recursos e suporte necessários para auxiliá-las neste momento tão difícil.”
Fonte: G1RS/ Observador Regional