No último dia (26) o empresário Matheus Winicius Azevedo Prado Brasilio
entrou em contato com a reportagem da Rádio Imigrantes, de Dom Feliciano,
relatando ter sofrido agressão e ameaças de morte por parte do Secretário de
Saúde de Encruzilhada do Sul, Marco Antônio Rassier.
O homem chegou a enviar cópias de um Boletim de Ocorrência registrado na
Delegacia de Polícia do município e também de uma transferência bancária via
pix, no valor de R$ 3.200,00, que ele teria sido obrigado a realizar para a
conta do secretário.
Segundo Matheus, que é Engenheiro Civil da empresa Asmorar, responsável por um
projeto habitacional que seria desenvolvido no município, relata que na
quarta-feira (25), por volta de 8 horas, foi até a prefeitura para uma reunião
com o prefeito Benito Fonseca Paschoal e que chegando ao local, foi solicitado
que o engenheiro aguardasse e em seguida, ele foi conduzido à sala do Chefe de
Gabinete da Prefeitura, onde encontrou o secretário Marco Antônio, que teria
começado a lhe fazer perguntas sobre o projeto e logo em seguida teria lhe
ofendido verbalmente dizendo “seu pai é um ladrão igual a você” e tirando da cintura um canivete.
Matheus argumenta que pediu que o secretário lhe respeitasse, quando então
Marco Antônio teria lhe dado um tapa no rosto e seguido com as agressões
verbais, chamando-o de ladrão e o acusando de ter praticado um golpe contra
pessoas e ainda que ele deveria ir embora da cidade e nunca mais voltar, pois,
caso contrário, iria matá-lo.
Afirma que ainda estando sentado, recebeu um segundo tapa no rosto
enquanto o canivete era apontado, quase encostando em seu tórax.
Matheus segue o relato afirmando que o secretário teria falado que o dinheiro
que uma das clientes do referido projeto habitacional pagou seria dele e que
Matheus deveria devolver. O engenheiro disse que sob pressão e enquanto o
canivete continuava apontado para si e ofensas continuavam sendo proferidas
pelo secretário, realizou a transferência no valor de R$: 3.200,00 para a conta
de Marco Antônio.
Ele conta que levantou-se para sair e Marco Antônio, balançando o
canivete, gritou “sai daqui, sai daqui”. Ao sair da sala, avistou apenas um
funcionário que poderia ter ouvido as agressões e ninguém mais estava presente,
acreditando ser proposital, pois quando chegou afirma que outros funcionários
estariam no local.
De acordo com a Polícia Civil, o secretário nega as acusações de agressão e
ameaça, relatando que houve de fato a conversa com Matheus e a transferência do
valor, mas diz ter sido de forma pacífica entre as partes.
Em áudio enviado ao jornalista Matheus Garcia, do portal Blog do Juares,
de Camaquã, e à reportagem da Rádio Imigrantes de Dom Feliciano, o secretário
de saúde Marco Antônio Rassier informou que, de fato, se reuniu com o empresário, na última
quarta-feira (25), nas dependências do Paço Municipal, mas negou as agressões e
ameaças. Rassier afirma que resolveu tirar algumas dúvidas com Prado a respeito
de um contrato firmado por uma funcionária particular com a Asmorar para obter
uma das unidades habitacionais do programa.
“Eu tenho uma secretária aqui que entrou no programa e tive que adiantar
um dinheiro que ela havia solicitado de cinco mil reais para o pagamento da
entrada no financiamento. Emprestei o dinheiro pra ela e, depois, ela passou a
pagar em torno de seiscentos e vinte reais por mês para o senhor Matheus ou
para a Asmorar. Na verdade, tudo isso é um embuste, é uma quadrilha que tentou
se instalar aqui em Encruzilhada e que, por acaso, nós descobrimos e tomamos
todas as medidas judiciais competentes”, explicou.
O secretário afirma que levou o contrato ao conhecimento do prefeito
Benito Paschoal (MDB) e do setor jurídico da prefeitura para análise e que
inconsistências foram encontradas no documento.
“Por acaso, na quarta-feira passada, eu estive na prefeitura e ele
estava lá. Aí, pedi uma sala emprestada e entramos pra dentro da sala, eu
expliquei quem eu era, e que queria pedir pra ele que devolvesse o dinheiro da
minha funcionária através de Pix ou de passe bancário. Ele, prontamente, na
mesma hora fez um passe bancário através de Pix, me ressarciu da dívida que
tinha e ficou por aí. Nos despedimos, ele saiu, foi embora. [...] E eu me
surpreendi com a maneira com que ele disse que eu agredi ele, dizendo que eu
ameacei ele com uma faca, que eu, enfim... Que eu bati nele. Eu não bati! [...]
Eu jamais ia fazer isso! Simplesmente solicitei a devolução e ele me devolveu”, detalhou.
A Asmorar havia sido habilitada através do Chamamento Público nº
02/2022, no início do ano passado, para a realização do projeto "Morar Bem
Encruzilhada". A empresa é sediada em Brasília (DF) e planejava se
instalar no município a partir de deste mês para dar início ao programa
habitacional. Segundo a prefeitura, a área que serviria para o
empreendimento continuará destinada ao projeto e que aguarda as novas regras
para o setor serem definidas pelo novo governo federal.
O Ministério Público (MP) e a Polícia Federal (PF) apuram as denúncias. O processo tramita em segredo de Justiça.
NOTA DA PREFEITURA MUNICIPAL DE ENCRUZILHADA DO SUL
Posteriormente, a Prefeitura Municipal publicou uma Nota, esclarecendo alguns
pontos com relação ao contrato com a empresa Asmorar, mas não mencionou nada
acerca das acusações.
A Prefeitura Municipal de Encruzilhada do Sul torna público que em
24/01/2023 concluiu processo que determinou a rescisão contratual com a
ASMORAR, habilitada no Chamamento Público nº 02/2022 para a realização do
projeto habitacional MORAR BEM, em razão da irregularidade de ter firmado
contratos com munícipes antes da aprovação do projeto de engenharia e aprovação
do financiamento na Caixa Econômica Federal, em desacordo com o Termo de
Colaboração nº 002/2022 e os procedimentos aplicáveis, além de ilegalidades em
cláusulas deste contrato.
Informamos que em razão destas ilegalidades em 12/01/2023 o Município
também apresentou notícia-crime junto ao Ministério Público Estadual.
Paralelamente notificamos a ASMORAR para que, no prazo de trinta dias,
restitua os valores que recebeu indevida e ilegalmente, sob pena do Município
declarar a inidoneidade da entidade de participar de chamamento público ou
celebrar parceria ou contrato com órgãos e entidades de todas as esferas de
governo.
A área que serviria ao empreendimento continuará destinada a projeto
habitacional, assim que forem definidas as novas regras para o setor pelo novo
Governo Federal.
Por fim, a Administração Municipal reforça que, não tendo nenhum
compromisso com a ilegalidade, agiu de forma rápida para fazer cessar os atos
lesivos à população.
O parecer do Consultor Jurídico completo e a Decisão do Prefeito
Municipal estão disponíveis no link:
https://drive.google.com/.../1NB9Z9m6.../view...
Rádio e TV Imigrantes
Fonte: Matheus Garcia/ Blog do Juares/ Jornal 19 de Julho/ Prefeitura
Municipal de Encruzilhada do Sul