Maria Helena Varella Bruna é redatora e revisora, trabalha desde o início do Site Drauzio Varella, ainda nos anos 1990. Escreve sobre doenças e sintomas, além de atualizar os conteúdos do Portal conforme as constantes novidades do universo de ciência e saúde.
Depressão é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz alteração do humor caracterizada por tristeza profunda e forte sentimento de desesperança. É essencial identificar sintomas e procurar ajuda médica.
Depressão (CID 10 – F33)
é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz uma alteração do
humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos
de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como
a distúrbios do sono e do apetite.
É importante distinguir a tristeza patológica daquela transitória
provocada por acontecimentos difíceis e desagradáveis, mas que são inerentes à
vida de todas as pessoas, como a morte de um ente querido, a perda de emprego,
os desencontros amorosos, os desentendimentos familiares, as dificuldades
econômicas etc.
Diante das adversidades, as pessoas sem a doença sofrem, ficam tristes,
mas encontram uma forma de superá-las. Nos quadros de depressão, a tristeza não
dá tréguas, mesmo que não haja uma causa aparente. O humor permanece deprimido
praticamente o tempo todo, por dias e dias seguidos. Desaparece o interesse
pelas atividades que antes davam satisfação e prazer e a pessoa não tem
perspectiva de que algo possa ser feito para que seu quadro melhore.
A depressão
é uma doença incapacitante que atinge por volta de 350 milhões de pessoas no
mundo. Os quadros variam de intensidade e duração e podem ser classificados em
três diferentes graus: leves, moderados e graves. Além disso, ela também pode
atingir crianças. e adolescentes.
Causas da depressão
Existem fatores genéticos envolvidos nos casos de depressão, doença que
pode ser provocada por uma disfunção bioquímica do cérebro. Entretanto,
nem todas as pessoas com predisposição genética reagem do mesmo modo diante de
fatores que funcionam como gatilho para as crises: acontecimentos traumáticos
na infância, estresse físico e psicológico,
algumas doenças sistêmicas (ex: hipotireoidismo),
consumo de drogas lícitas (ex: álcool) e ilícitas (ex: cocaína), certos tipos
de medicamentos (ex: anfetaminas).
Mulheres parecem ser mais vulneráveis aos estados depressivos em virtude
da oscilação hormonal a que estão expostas principalmente no período fértil.
Sintomas da
depressão
Além do estado deprimido (sentir-se deprimido a maior parte do tempo,
quase todos os dias) e da anedonia (interesse e prazer diminuídos para realizar
a maioria das atividades) são sintomas da depressão:
- Alteração de peso (perda ou ganho de peso não
intencional);
- Distúrbio de sono (insônia ou
sonolência excessiva praticamente diárias);
- Problemas psicomotores (agitação ou apatia
psicomotora, quase todos os dias);
- Fadiga ou perda de energia constante;
- Culpa excessiva (sentimento permanente de culpa e
inutilidade);
- Dificuldade de concentração (habilidade diminuída
para pensar ou concentrar-se);
- Ideias suicidas (pensamentos recorrentes de
suicídio ou morte);
- Baixa autoestima,
- Alteração da libido.
Muitas vezes, no início, os sinais da
enfermidade podem não ser reconhecidos. No entanto, nunca devem ser
desconsideradas possíveis referências a ideias suicidas ou de autodestruição.
Diagnóstico de depressão
O diagnóstico da depressão é
clínico e toma como base os sintomas descritos e a história de vida do
paciente. Além de espírito deprimido e da perda de interesse e prazer para
realizar a maioria das atividades durante pelo menos duas semanas, a pessoa
deve apresentar também de quatro a cinco dos sintomas supracitados.
Como o estado depressivo pode ser um sintoma
secundário a várias doenças, sempre é importante estabelecer o diagnóstico
diferencial.
Tratamento da depressão
Depressão é uma doença que exige acompanhamento médico sistemático.
Quadros leves costumam responder bem ao tratamento psicoterápico. Nos outros
mais graves e com reflexo negativo sobre a vida afetiva, familiar e
profissional e em sociedade, a indicação é o uso de antidepressivos com o
objetivo de tirar a pessoa da crise.
Existem
vários grupos desses medicamentos que não causam dependência. Apesar do tempo
que levam para produzir efeito (por volta de duas a quatro semanas) e das
desvantagens de alguns efeitos colaterais que podem ocorrer, a prescrição deve
ser mantida, às vezes, por toda a vida, para evitar recaídas. Há casos de
depressão que exigem a associação de outras classes de medicamentos – os
ansiolíticos e os antipsicóticos, por exemplo – para obter o efeito necessário.
Há evidências de que a atividade física
associada aos tratamentos farmacológicos e psicoterápicos representa um recurso
importante para reverter o quadro de depressão.
Recomendações para quem tem depressão e para familiares
- Depressão é uma doença como
qualquer outra. Não é sinal de loucura, nem de preguiça e nem de
irresponsabilidade. Se você anda desanimado, tristonho, e acha que a vida
perdeu a graça, procure assistência médica. O diagnóstico precoce é o
melhor caminho para colocar a vida nos eixos outra vez;
- Depressão pode ocorrer em
qualquer fase da vida: na infância, adolescência, maturidade e velhice. Os
sintomas podem variar conforme o caso. Nas crianças, muitas vezes são
erroneamente atribuídos a características da personalidade e nos idosos,
ao desgaste próprio dos anos vividos;
- A família dos portadores de
depressão precisa manter-se informada sobre a doença, suas
características, sintomas e riscos. É importante que ela ofereça um
ponto de referência para certos padrões, como a importância da alimentação
equilibrada, da higiene pessoal e da necessidade e importância de
interagir com outras pessoas. Afinal, trancafiar-se num quarto às escuras,
sem fazer nada nem falar com ninguém, está longe de ser um bom caminho
para superar a crise depressiva.
Perguntas
frequentes
Diferença entre
tristeza e depressão
A tristeza tem motivo. A pessoa sabe que está triste. Já
a depressão é uma tristeza profunda e muitas vezes sem conteúdo, sem
motivo aparente. Mesmo se algo maravilhoso acontecer ou estiver acontecendo, a
pessoa continuará triste. A pessoa deprimida também pode ter forte sentimento
de desesperança e pensamentos suicidas.
O que jamais se deve
dizer a pessoas com depressão
1) Você está exagerando, não é tal mau assim.
2) Todos temos problemas, você precisa reagir.
3) Sei o
que você está passando, já me senti assim, também.
Há
cura para depressão?
Atualmente fala-se
em remissão completa dos sintomas, mas mesmo nesses casos não significa que a
doença foi curada. Em geral, é necessário permanecer com manutenção do
tratamento em longo prazo.
Quais
os principais efeitos colaterais dos antidepressivos?
Ganho de peso e
diminuição da libido.
Quanto
tempo dura um tratamento contra a doença?
Geralmente, quando
se trata de um primeiro episódio depressivo, entre um e dois anos de
tratamento, mas pode ser necessário reiniciar em caso de recaída. Também
existem pessoas que necessitam de tratamento por toda a vida, o que não é sinal
de fraqueza: a depressão deve ser tratada como qualquer outra doença.