Foto: Divulgação/ Brasil Escola/ Blog do Juares
Aprovado pela Anvisa, medicamento ainda não está à venda no país
A aprovação,
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de um novo
medicamento para tratamento da obesidade, trouxe uma esperança para pacientes
que buscam tratamento para perda de peso. A semaglutida já era utilizada no
Brasil para tratamento do diabetes tipo 2 e agora pode ser usada também no
tratamento de sobrepeso e obesidade, em forma de medicamento injetável.
Há, no entanto, diferença de dosagem. Enquanto que para o
controle da glicose a semaglutida aplicada é de 0,5 miligrama a 1 miligrama,
para redução do peso corporal a substância é de 2,4 miligramas. A semaglutida é
da mesma família da liraglutida, também utilizada nos dois tratamentos. Mas o
diferencial do medicamento aprovado pela Anvisa no início deste ano é sua
eficácia.
A semaglutida é vista entre os médicos como
um avanço no tratamento da obesidade. Isso porque os outros
medicamentos existentes possibilitam uma perda de peso de, no máximo, 10%. “Quando
o paciente tem uma indicação de perda de peso inferior a 5% do peso corporal, a
melhor indicação é mudança de hábito alimentar. Quando tem a necessidade de
perda de peso de mais de 5%, até 15%, aliam-se as mudanças de hábitos de vida e
a terapia farmacológica. A novidade é que a semaglutida pode reduzir mais de
15%”, explica o médico Paulo Miranda, presidente da
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Como funciona
O medicamento age no cérebro do paciente, em uma região
chamada hipotálamo, e aumenta a percepção de saciedade. Assim, o paciente tem
seu apetite diminuído e, consequentemente, come menos. De acordo com a
endocrinologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB) Monalisa Azevedo,
a semaglutida reproduz efeitos de substâncias presentes no nosso corpo.
“Em nosso organismo existe a produção de
algumas substâncias, pelo nosso trato digestivo, que são substâncias que agem
no nosso sistema nervoso central, diminuindo o apetite, aumentando a saciedade
e diminuindo o gasto energético. Esse medicamento imita o que essas
substâncias, que já existem no organismo, fazem”, explica.
Indicação
O tratamento com esse medicamento é indicado para
pacientes com obesidade ou
sobrepeso. O paciente deve ter um Índice de Massa Corporal (IMC) a partir de 30
ou um IMC a partir de 27 aliado a problemas de saúde relacionados à obesidade,
como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares ou apneia obstrutiva do
sono. O IMC é calculado dividindo o peso corporal (kg) pela altura (m) ao
quadrado. Ou seja, IMC = kg/m².
Segundo a endocrinologista do HUB, a semaglutida pode ser
usada como primeira estratégia para perda de peso, desde que sejam atendidos os
critérios de indicação já mencionados. Ela lembra, no entanto, que o uso do
medicamento deve vir acompanhado de outras providências, como mudança de
hábitos alimentares e exercícios físicos. E todo o tratamento deve
ser supervisionado por um médico.
O médico
Paulo Miranda acrescenta que a semaglutida surge para preencher uma lacuna nos
níveis de tratamento possíveis até a cirurgia bariátrica, usada para casos mais
severos de obesidade. “A
bariátrica fica indicada para pacientes com indicação de perda de peso de a
partir de 30% do peso corporal. A semaglutida não substitui a bariátrica,
porque tem resultados diferentes. Ela auxilia os pacientes a terem perda de
peso, com mudança de hábitos e terapia, antes de recorrerem à bariátrica. E se
a resposta for adequada, então não há necessidade de cirurgia”,
disse.
Custo
estimado
A
semaglutida de 2,4 mg foi aprovada no Brasil recentemente, por isso ainda não
está sendo comercializada. Dessa forma, não é possível dizer quanto custaria um tratamento com a substância. No entanto, a
expectativa dos médicos é que não seja um tratamento acessível a todos. Para o tratamento de diabetes, é possível
encontrar semaglutida com preços de variam entre R$ 800 e R$ 1 mil, preço de um tratamento mensal.
“Como
essa substância já é aprovada e comercializada no Brasil para tratamento do
diabetes, para controle da glicose, a gente já tem uma ideia em relação a
custos. Porém, as doses para tratamento da obesidade são maiores que as doses para o
controle do diabetes, que já tem um custo elevado. Então a expectativa é que o
custo será mais alto”, disse a endocrinologista.
Pesquisas
Para a médica Monalisa Azevedo, a eficácia da substância
na perda de peso pode ser considerada uma evolução, mas não uma revolução no tratamento. Isso porque, para ela, ainda há um
caminho a ser trilhado no ramo de pesquisas de fármacos e outras novidades
podem surgir nos próximos anos.
“Nos Estados Unidos já estão testando um novo tratamento, uma outra droga que possivelmente vai
entrar no mercado em um futuro próximo, e que induz perda de mais de 20% do
peso corporal. Estamos em um processo, em uma caminhada. Eu não chamaria a
semaglutida de uma revolução. Chamaria de uma grande evolução, um degrau a mais
que a gente sobe nessa jornada em busca de tratamentos para perda de peso”.
Rádio e TV Imigrantes Dom Feliciano
Fonte: Blog do Juares/ Agência Brasil