Os agricultores familiares do Sul do Brasil alcançaram um importante marco na sustentabilidade energética. De acordo com um estudo publicado na revista Ciência Florestal (UFSM, 2023), a base florestal formada por plantios de eucalipto mantidos por produtores de tabaco é capaz de suprir 100% da demanda de lenha utilizada no processo de cura das folhas de tabaco Virgínia, e ainda gerar superávit de energia em todas as regiões analisadas.
A pesquisa avaliou a estrutura florestal e o consumo de lenha em sete regiões produtoras dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O resultado mostrou que o volume de madeira produzido nas propriedades rurais supera amplamente o consumo necessário para a secagem das folhas, chegando a triplicar a demanda em alguns locais.
“Os cenários construídos indicam que a base florestal familiar é capaz de suprir toda a demanda de lenha para o processo de cura das folhas do tabaco. Em algumas regiões, há excedente suficiente para suprir mais de três vezes o consumo”, destacam os autores do estudo, Pábulo Diogo de Souza, Jorge Antonio de Farias, Matheus Morais Ziembowicz e Daniele Bernardy, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
O maior saldo positivo foi observado na Região da Depressão Central (RS), onde o volume de madeira disponível foi 300% superior à demanda energética das estufas. Outras regiões, como o Centro Serra (RS) e o Litoral Sul de Santa Catarina, também apresentaram altos níveis de autossuficiência, com percentuais de 166% e 236%, respectivamente.
Ao todo, os produtores analisados mantêm mais de 116 mil hectares de florestas plantadas, com produtividade média de 268 m³ por hectare. A lenha dessas áreas é utilizada como fonte de energia térmica nas estufas, substituindo combustíveis fósseis e reduzindo a pressão sobre florestas nativas.
O estudo reforça o papel da agricultura familiar como fornecedora de energia renovável, integrando produção florestal e agrícola em um modelo sustentável. Para os pesquisadores, o resultado é um indicativo de que o setor já pratica, na prática, a autossuficiência energética rural, contribuindo para a segurança e sustentabilidade ambiental.
Fonte e foto: Olá Jornal