Foto: Divulgação/ PSDB Oficial
Fundado em 1989 como uma dissidência do MDB, partido perdeu força com o fim da polarização com PT e a ascensão do bolsonarismo
O presidente nacional do PSDB,
Marconi Perillo, acredita que o partido defina seu destino até março deste ano.
Diante de um encolhimento nas últimas eleições e da insatisfação mútua com a
atual federação com o Cidadania, lideranças tucanas conversam sobre fusão ou
incorporação com outras siglas.
— Primeiro, estamos fazendo
várias tratativas internas. Decidimos que agora em fevereiro vamos mergulhar
nessa discussão e, paralelamente, vamos conversar com outros atores que querem
se aliar com a gente. Em março, a gente deve anunciar uma solução — disse
Perillo.
O GLOBO apurou que as conversas
estariam adiantadas com o PSD, mas uma federação está descartada com o partido
de Gilberto Kassab, atualmente a sigla de maior capilaridade, com o maior
número de prefeituras no Brasil. Outras opções estão na mesa, como o MDB, de
onde nasceu o partido em 1989 através de figuras como Fernando Henrique Cardoso
e Franco Montoro.
O PSDB atualmente está federado
com o Cidadania, com quem acumulou rusgas nas eleições municipais de 2024. Um
dos focos de atrito foi o Rio de Janeiro, com os tucanos apoiando Marcelo
Queiroz (PP) e integrantes do Cidadania fizeram campanha para o prefeito
reeleito, Eduardo Paes (PSD). No caso de uma nova federação, Podemos e
Solidariedade aparecem como alternativas. Uma das condições colocadas pelos
tucanos, segundo uma fonte, é o anúncio do governador do Rio Grande do Sul,
Eduardo Leite (PSDB), como pré-candidato a presidente da República nas próximas
eleições, em 2026.
Marconi Perillo, contudo, negou a
informação, alegando que o assunto não foi tratado. Procurado via assessoria,
Leite não deu entrevista por estar em viagem de férias. Nos bastidores, entende-se
que o gaúcho aceitaria “entrar na fila” — sem rifar, por exemplo, uma eventual
concorrência do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), outro cotado há
alguns meses para a disputa.
Relação com governo
A chance de candidatura do PSD
vingar é objeto de controvérsia, uma vez que o partido faz parte da base aliada
do presidente Lula, contando com os ministros Alexandre Silveira (Minas e
Energia), Carlos Fávaro (Agricultura) e André de Paula (Pesca), e também do
governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo. Apesar do
encolhimento nos anos recentes, o PSDB orgulha-se da história como o partido
que criou o Plano Real, por exemplo. Essa perspectiva está na mesa ao se
considerar uma fusão e não uma incorporação, mesmo tendo um tamanho bem menor
atualmente. Ainda assim, a ideia é manter a identidade do PSD mesmo nesse
cenário.
O PSDB também conta com três governadores, Eduardo Leite (RS), Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS) e 10 deputados. Por outro lado, o PSD atraiu diversos quadros tucanos, sobretudo em São Paulo, nos anos recentes e tem conversas em andamento inclusive com esses expoentes, como Lyra. As eleições de 2026 tendem a dificultar a sobrevivência de siglas menores, com a cláusula de partidário e ao tempo de propaganda em rádio e televisão.
Fonte: Samuel Lima/ O Globo