Foto: divulgação/ ClicR
A 10ª Conferência das Partes (COP) da
Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Cqct), realizada recentemente no
Panamá, trouxe à tona discussões que podem ter implicações significativas para
a cadeia produtiva do tabaco no Brasil. A falta de defesa do setor por parte da
delegação brasileira levanta preocupações, especialmente considerando o enorme
impacto econômico e social que essa indústria representa.
De acordo com o SindiTabaco, as
diretrizes discutidas na COP10 têm potencial para afetar negativamente mais de
500 mil trabalhadores envolvidos na produção de tabaco no país. Além disso,
cerca de 90% da produção brasileira é destinada à exportação, gerando
anualmente US$ 2,73 bilhões em divisas e aproximadamente R$ 15 bilhões em
impostos.
Iro Schünke, presidente do
SindiTabaco, expressou preocupação com as possíveis medidas que poderiam
reduzir a área plantada ou promover a substituição do cultivo do tabaco. Ele
destaca a importância econômica do setor, evidenciando que a rentabilidade do
tabaco supera significativamente a de outras culturas agrícolas.
Embora reconheça a necessidade de
diversificação de cultivos, Schünke ressalta que as propostas discutidas
parecem depender excessivamente de subsídios governamentais, ao invés de
incentivar práticas sustentáveis que já são adotadas pelo setor. Ele destaca
iniciativas como o programa Milho e Feijão, que complementa a renda dos
produtores após a colheita do tabaco, gerando resultados positivos mesmo em
condições climáticas adversas.
Além das questões econômicas, a COP10 também abordou os impactos
ambientais associados ao cultivo, fabricação e consumo de produtos de tabaco. A
delegação brasileira propôs a análise desses impactos, destacando iniciativas
existentes, como o Sistema Integrado de Produção de Tabaco (Sipt), que promove
o cultivo de florestas energéticas para preservação ambiental.
Entretanto, Schünke lamenta que tais
iniciativas sejam frequentemente ignoradas nas discussões internacionais, que
ele classifica como antidemocráticas. Ele destaca a importância de reconhecer
os esforços da indústria em promover práticas sustentáveis e responsáveis.
Por fim, a discussão sobre
dispositivos eletrônicos de fumar (DEFs) foi adiada para a COP11, com
divergências entre as delegações participantes. No Brasil, a recente consulta
pública da Anvisa sobre a proibição desses dispositivos reflete a complexidade
do debate sobre a regulamentação do tabaco.
Diante desses desafios, o setor do
tabaco no Brasil enfrenta incertezas quanto ao seu futuro, enquanto busca
equilibrar interesses econômicos, sociais e ambientais em um cenário global em
constante evolução.
Fonte: Brenda Meirelles/ Portal ClicR