Foto: divulgação
Produtores
rurais viraram galão de leite na calçada em frente ao prédio da CEEE Equatorial
Mesmo
com chuva, dezenas de moradores e produtores rurais se reuniram em
manifestação, realizada por volta das 9h desta quarta-feira (20), em frente à
sede da CEEE Equatorial em Pelotas. Com cartazes e gritos de “vergonha”, eles
cobravam melhoria da rede elétrica que atende as localidades da colônia de
Pelotas e do interior de outros municípios, como Camaquã, São Lourenço do Sul,
Turuçu e Arroio do Padre.
“Já que nos tornamos invisíveis, decidimos nos unir
para sermos ouvidos. Nós não estamos pedindo um favor. É o mínimo, porque nós
pagamos pela energia”, explica a produtora rural Arlene Weezel.
Além das quedas de energia, os moradores relatam
problemas de baixa tensão, o que dificulta ou até impossibilita suas produções.
As atividades mais impactadas são a produção leiteira, que precisa de
eletricidade para refrigerar o leite. “Fazemos a ordenha e o leite acaba indo
fora porque o motor do refrigerador não gira, ele precisa de 220V e não de 160V
ou 170V”, detalha Arlene. Outro setor bastante prejudicado é o cultivo de fumo
que utiliza estufas com equipamentos elétricos para a secagem da colheita. “O
secador de fumo funciona com ventilação a motor elétrico, então com a baixa a
tensão ele não roda direito”, reclama o produtor rural Gabriel Zillmer, morador
do 6º Distrito de Pelotas.
Além de prejudicar a produção, que fica abaixo da
qualidade necessária para ser vendida às empresas, a instabilidade na rede
elétrica também interfere no funcionamento dos eletrodomésticos nas residências
dos moradores. Também há relatos de aparelhos que acabaram queimando com as
quedas de energia. “Hoje não temos luz, estamos só com gerador. Piscou várias
vezes a luz e caiu. Domingo também faltou, luz fraca e baixa tensão. Nada
funciona direito, nem freezer, nem geladeira”, relata Zillmer.
Segundo os moradores, este problema já vem
impactando há anos a produção e o desenvolvimento rural na região. Porém, eles
afirmam que a situação piorou desde julho deste ano, quando a região foi
atingida pelas fortes tempestades e ciclones, e continua se agravando com o
passar dos meses. “Essa última semana foi praticamente todos os dias a falta de
luz durante algumas horas. Mas vem de anos isso. Nós poderíamos ter muitas
outras estufas e produzir o dobro do que produzimos hoje, mas não temos energia”,
relata o produtor de fumo Vanderlei Henki.
Ainda não foram calculados os prejuízos monetários
dessas produções perdidas. “Ainda existem estufas de fumo que não sabemos se
vão resultar em produtos de boa qualidade”, explica Arlene. A produtora ainda
pontua que muita produção leiteira foi perdida nos últimos meses. “Essa noite
mesmo botaram o leite fora, porque não teve o que fazer. O leiteiro não pode
levar pelo menos uns cinco refrigeradores por causa da acidez do leite”,
detalha.
A situação é tão antiga e recorrente que os
moradores têm grupos no WhatsApp para se comunicarem sobre os problemas
elétricos na região da rede afetada. Nesses grupos os moradores informam uns
aos outros sobre as quedas de energia nas propriedades ao longo das
localidades. Entre as mensagens, estão “Todos sem luz novamente?” com repostas:
“Sim!”, “Sim, é geral”, “Aqui meia fase” e “É geral, passando Santa Silvana [6º
Distrito de Pelotas] está sem luz também”. Também compartilham fotos dos
medidores de energia, os quais na maioria das vezes estão abaixo dos 220V.
Nessas condições, a única opção para os moradores é
a utilização de geradores à combustível, o que é um gasto adicional para os
produtores rurais. “Quem tem gerador está gastando diesel. Além de que muitos
geradores que já estragaram. Tem gente sem luz há sete dias totalmente sem luz.
É muito descaso”, explica Arlene. Os moradores reclamam também sobre a falta da
presença de profissionais para o atendimento nas regiões. “Eles vão lá tirar
fotos, isso quando vão. Então informam que as próximas etapas são com outros
profissionais, mas não vem ninguém para arrumar. Tem lugares com poste caído e
fios emendados”, relata Zillmer.
Durante o protesto, os moradores foram convidados a
entrar no prédio agência, onde participaram de uma reunião com os encarregados
da empresa. Em nota, a distribuidora relata ter ouvido e coletado as
solicitações para avaliar as medidas a serem tomadas, com foco na melhoria dos
serviços prestados aos seus clientes.
Fonte:
Jornal
Tradição/ Pelotas Notícias 24 Horas