Investigação descobriu que o funcionário prestou falso testemunho e fraudou documentos. Ele foi afastado das funções. Mãe e padrasto foram presos preventivamente, acusados de torturar e causar a morte da criança, que já chegou sem vida em unidade de saúde

A Polícia Civil aponta que o conselheiro tutelar que atuou no atendimento à menina Mirella Dias Franco, morta no final de maio, prestou falso testemunho e fraudou documentos em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ele foi afastado das funções nessa quinta-feira (16). O afastamento ocorreu após uma sindicância aberta pela corregedoria do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do município (Comdica).

O caso está sendo investigado pelos delegados Jeiselaure de Souza, da 1ª Delegacia de Polícia de Alvorada, e pelo delegado Juliano Ferreira, da 1ª Delegacia Regional Metropolitana. A mãe e o padrasto de Mirella, de 3 anos, estão presos preventivamente desde o dia 11, acusados de torturar e causar a morte da menina. Ela já chegou sem vida à Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Aparecida, no começo da tarde de 31 de maio. A criança foi levada pelo padrasto, outras duas mulheres e uma criança. Imagens de câmeras de segurança mostram a família chegando ao local.

Segundo os delegados, as informações preliminares apuradas até agora indicam que houve negligência por parte do conselheiro. A polícia afirma que o Conselho Tutelar foi notificado pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC), através de e-mail enviado em janeiro, sobre uma suspeita de maus-tratos. Contudo, de acordo com a investigação, a pasta com o atendimento do caso só foi aberta após a morte da menina. 

O conselheiro alegou em depoimento, na última terça (14), que teria tentado contato com a família, mas sem sucesso. A investigação descobriu que o relatório de atendimento não estava circulando entre o colegiado de conselheiros, já que o procedimento orientado pelo Conselho Tutelar quando não há localização dos denunciados é ampliar a rede de contatos. Os documentos passaram por perícia e a polícia destaca que o conteúdo estava muito sucinto e que nenhuma diligência foi feita pelo conselheiro. Outros funcionários também foram intimados a depor e confirmaram que a pasta não existia. O material foi enviado para o Ministério Público (MP).

O nome do conselheiro não foi divulgado. Conforme o Conselho Tutelar, ele era substituto e estava há cerca de sete meses no cargo, uma vez que a titular está em licença-saúde. Uma outra conselheira foi nomeada para a função. 

A Prefeitura de Alvorada e o Comdica salientam que não irão se manifestar sobre o episódio por se tratar de um inquérito policial envolvendo menor de idade.

O corpo de Mirella estava com diversos hematomas. A mãe, Lilian Dias da Silva, de 24 anos, e o padrasto, Anderson Borba Carvalho Júnior, de 27, disseram que os machucados ocorreram após quedas em brincadeiras de criança. A mulher também alegou que a filha tinha histórico de convulsão. Os dois afirmam inocência. 

Foto: Reprodução

Fonte:Matheus Garcia/Blog do Juares

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